guitarra de Lisboa
- Ana Calheiros
- 3 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de jun. de 2024

guitarra de Lisboa
"Existem três tipos de Guitarra Portuguesa: a de Lisboa, a do Porto e a de Coimbra, com diferentes tradições de fabrico. A de Lisboa é a mais pequena das três, com caixa baixa arredondada e é a que possui o som mais”brilhante”. A Guitarra Portuguesa tem um timbre de tal modo inconfundível que, onde quer que esteja, qualquer português a reconhece aos primeiros acordes. É um instrumento musical carregado de simbolismo e, mercê da sua longa aliança com o Fado, é conotado com o “modo de ser” português, onde destino e saudade são palavras que naturalmente se associam ao trinado. A guitarra portuguesa é um cordofone, cuja caixa harmónica é periforme, constituído por seis pares de cordas com diversas afinações, mas a que realmente se enraizou foi a afinação de Fado, Si Lá Mi Si Lá Ré, a começar pelas cordas mais agudas. A técnica de tocar este tipo de cordofone baseia‐se num dedilhar especial da mão direita, usando as unhas do dedo indicador e o polegar. Utiliza uma voluta em forma de caracol."

De acordo com estudos efectuados por alguns estudiosos e instrumentistas como Pedro Caldeira Cabral ou António Portugal e outros, a origem da guitarra portuguesa remonta aos fins do século XVIII, resultado da fusão entre o cistro europeu ou cítara - cordofone comum em toda a Europa Ocidental e a guitarra inglesa que terá chegado a Portugal pela cidade do Porto via intercâmbios comerciais com os ingleses. Por sua vez, Carlos Paredes em estudos que realizou refere que a guitarra portuguesa tem origens na cítola, instrumento da idade média inventado anteriormente ao cistro, tendo afirmado "Instrumento musical a que chamamos hoje guitarra portuguesa foi inventado em Inglaterra na segunda metade do século XVIII". Como esta matéria não reúne consenso comum, existe ainda outra corrente que sugere uma origem árabe na idade média na guitarra mourisca.
É um instrumento de fabrico artesanal construído com madeiras e materiais nobres, as suas principais características são: as 12 cordas de aço dispostas em 6 pares ou ordens, o cavalete móvel em osso, a caixa-de ressonância redonda, o pequeno braço com a voluta ornamentada e a cravelha em forma de leque, os embutidos de madrepérola ou os ornamentos na própria madeira. A sua sonoridade é única e de difícil descrição com um timbre brilhante com grande profundidade de agudos, próprio de instrumento solista. Muitas vezes no seio fadista para descrever a sonoridade utilizam-se verbos mais relacionados com emoções como "chorar", "gemer", "trinar", "entoar", "rimar", "vibrar", "cantar" ou "enternecer".

No que respeita a construção as duas variantes mais utilizadas são a guitarra de Lisboa e a guitarra de Coimbra. Visualmente são de fácil distinção pelas diferentes volutas, a de Lisboa tem forma de caracol enquanto a de Coimbra tem forma de lágrima. O corpo e o braço da guitarra de Coimbra têm dimensões ligeiramente superiores, conferindo-lhe um som mais encorpado com maior volume e menos agudo. As afinações também são diferentes, a afinação da guitarra de Lisboa é (Si, Lá, Mi, Si, Lá, Ré) da nota aguda para a mais grave, enquanto a sua congénere de Coimbra afina um tom abaixo (Lá, Sol, Ré, Lá, Sol, Dó).
os "Mestres"
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