top of page
nuvem.png

publicações

S1-22B-Miradouros-z.jpg

Lembrar-me ainda e saber que vou esquecer. Essa é a justificação que dou a mim próprio para escrever estas palavras. Um dia, irei precisar delas para voltar a lembrar-me.(...)

 

José Luis Peixoto in Abraço

festas de Santo António e da cidade

  • Foto do escritor: Ana Calheiros
    Ana Calheiros
  • 3 de mar. de 2021
  • 4 min de leitura

Atualizado: 21 de jun. de 2024


festas de Santo António em Lisboa

festas de Santo António e da cidade


Associadas à comemoração do dia de Santo António, as festas da cidade têm um conjunto cada vez mais amplo de iniciativas que, sem se afastarem do espírito alfacinha se harmonizam com as novas gerações.

No fundo coexistem dois festejos que se confundem e completam um ao outro: os de Santo António com as suas tradições e os da cidade com novas ou renovadas iniciativas que se estendem a todo o mês de Junho mas que têm em comum o convite à participação dos lisboetas.


As festas da cidade que decorrem durante o mês de Junho e contam com concertos, arraiais, exposições, concursos artísticos (sardinhas e tronos), colóquios, etc.



As noivas de Santo António

dia 12 de Junho


Uma tradição que começou em 1958 quando o então Diário Popular teve a iniciativa de patrocinar um casamento para 26 casais que tinham com maiores dificuldades financeiras. Essa iniciativa manteve-se até 1974.


Em 1997 a Câmara Municipal de Lisboa, após negociações com o Patriarcado de Lisboa, decidiu retomar os Casamentos de Santo António, adaptando e modernizando a iniciativa possibilitando que os casais optem por casar somente pelo registo que se realiza nos Paços do Conselho e o casamento religioso na Sá Catedral.




Os arraiais

noite de 12 de Junho


As ruas de Lisboa, nos bairros mais tradicionais enchem-se de arcos e balões coloridos, preparam-se fogareiros e colunas de som e, na véspera de Santo António começam os arraiais onde se podem comer sardinhas e febras assadas e, onde não falta o pão e o vinho. E a festa prolonga-se noite dentro com música e dança por mais uma semana.


Perdeu-se o carácter bairrista, numa cidade que já não é barrista, perderam-se as fogueiras e quem salte por cima delas ou que queime alcachofras para as ver florir no dia seguinte se for correspondido no amor.

Hoje são estranhos ao bairro que enchem as esplanadas improvisadas, estrangeiros ou lisboetas de outros bairros ou mesmo "lisboetas" de outras cidades.




Os tronos de Santo António

durante o mês de Junho


A tradição dos tronos de Santo António foi-se perdendo. Quem hoje dá uma moedinha para o Santo António? Esvaziados de sentido deixaram de aparecer às portas das casas. A partir de 2015 a CML promove a sua revitalização com uma campanha apoiada pelo Museu da Cidade.


Quanto mais colorido, artesanal e ingénuo melhor!!


"Os tronos de Santo António são uma tradição profundamente enraizada na memória colectiva dos lisboetas. Conta a história que o terramoto de 1755 destruiu quase totalmente a igreja de Santo António, resistindo apenas a cripta, o altar-mor e a imagem de Santo António que ainda hoje existe, e que toda a população se empenhou na angariação de fundos para a sua reconstrução. Foi com as esmolas dos fiéis recolhidas em Lisboa, nos oratórios que existiam espalhados por toda a cidade, e das verbas que chegavam de todo o reino, que se iniciou a reconstrução da igreja, permitindo que a celebração do culto nunca fosse interrompida. Conta-se que as crianças da cidade também quiseram participar, erguendo para isso pequenos tronos, ou altares, à porta das casas, pedindo o tradicional “cinco milreizinhos para o Santo António”, que o passar do tempo fez alterar para “um tostãozinho para o Santo António”, e depois para “uma moeda para o Santo António”.
Pedro Teotónio Pereira



as marchas populares

dia 12 de Junho


Embora haja registos da existência de anteriores manifestações com o mesmo carácter(1), só em 1932 elas surgem de uma forma organizada e sob a forma de um concurso promovido pelo Diário de Notícias e pelo Notícias Ilustrado e organizadas por Leitão de Barros e Norberto Araújo em resposta a um desafio do director do Parque Mayer.

Ao longo dos tempos foi sofrendo várias alterações quer no número de participantes quer no recinto em que se realizavam e, durante os anos setenta nem se realizaram.


Têm o mérito inquestionável de reunir durante meses uma comunidade em torno de um objectivo comum, talvez de todos os festejos da cidade este seja o mais genuinamente alfacinha já que traduz a comunhão da comunidade dos bairros em torno da sua identidade.




os manjericos

durante todo o mês


Manda a tradição que se ofereça um à sua amada em Junho.

Quem souber conservar o manjerico consegue conservar o seu amor

Dicas para conservar o manjerico: Nunca deve ser regado na terra ou nas folhas; só deve ser cheirado usando a mão; deve apanhar muita luz mas sem ser luz directa do sol; deve ser transplantado para vaso de barro; deve ter sempre um prato por baixo que deverá ser regado pela manhã ou ao fim do dia; não gosta de temperaturas a baixo dos 12º.




a procissão

dia 13 de Junho


Depois de todos os festejos do dia anterior realiza-se então no dia 13 de Junho a procissão do Santo António que sai da Igreja de Santo António e, durante o trajecto, enquanto passa por outras igrejas vão-se incorporando outros santos (São João Da Praça, São Miguel, Santo Estêvão, São Vicente, São Tiago).



concurso das sardinhas

candidaturas até meados de Março / divulgação de vencedores - finais de Maio

Uma tradição recente, este concurso iniciado em 2011 pela CML- EGEAC tem todos os anos ganhado mais adeptos.

Em 2017 recebeu 5168 propostas, oriundas de 60 países (com uma amplitude geográfica que vai desde o Afeganistão à Birmânia ou do Canadá até Singapura) e nos 7 anos, o Concurso já recebeu mais de 40 mil sardinhas.

Parte de um conceito simples, enfeitar/recriar uma sardinha, com criatividade, humor e qualquer material.

 

1 As marchas populares foram naturalmente influenciadas pelas quadrilhas que geralmente tinham lugar por ocasião dos festejos a Santo António e que se formavam de pequenos grupos constituídos por cerca de quarenta participantes que percorriam as ruas da cidade e se detinham em frente aos palácios aristocráticos ou de outras famílias abastadas onde, ao som do apito do marcador, se exibiam de forma ruidosa e sem grandes preocupações em relação à coreografia. Este ritual que também nos remete para a “marche aux flambeaux” ou seja, a marcha dos archotes que ocorria em França.

No entanto, tais celebrações possuem origens bem mais remotas associadas à celebração da chegada do Verão por altura do solstício.

 

Âncora 2
legenda pontos sobreLx
bottom of page