Restaurante Panorâmico de Monsanto
- Ana Calheiros
- 3 de mar. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 26 de jun. de 2024

A 197 m de altitude aproximada, tem uma vista panorâmica sobre Lisboa de 360º
panorâmica | abrangência | infraestruturas | acesso | altitude | altura |
◆◆◆◆ | ◆◆◆◆ | ◆◆◆◆ | ◆◆◆ | 197 | 75 |
(360 º) | acesso livre | em m | em m |
Abandonado durante 16 anos e alvo de um processo de saque e destruição total é sem sombra de dúvida o local com melhor vista sobre Lisboa e tem infraestruturas capazes para se tornar a melhor atracção de Lisboa.
Reabriu em 2017 como miradouro depois de um processo de limpeza e de colocação de infraestruturas de segurança mas, deixando à mostra toda a destruição que sofreu.

O Restaurante Panorâmico de Monsanto
Construído pela Câmara Municipal de Lisboa, em 1968, segundo projecto do arquitecto Chaves da Costa é um edifício de sete mil metros quadrados e, contava no seu interior com um mural de Luis Dourdil e com um painel de Azulejos com relevo da autoria de Manuela Madureira intitulado " Figuras e cenas da cidade de Lisboa" - foi um dos mais luxuosos restaurantes da capital na sua época.
O estado de degradação e abandono a que chegou é evidente nos vídeos apresentados nesta publicação.
Depois do encerramento como restaurante, foi um pouco de tudo: discoteca, bingo, escritório de uma empresa de filmagens e até armazém de materiais de construção civil.

O projecto inicial do restaurante foi o último projecto que o Arq. Keil do Amaral realizou no final dos anos 30, no contexto do projecto do Parque Florestal de Monsanto e, que se situaria no local onde teria sido projectado o Teatro ao Ar livre e o Padrão-Miradouro (do mesmo autor). Keil do Amaral desenvolve o projecto do restaurante em plataformas baixas que se encaixem no declive e desenvolve sobre o terraço uma esplanada com vista sobre Lisboa, Vale de Alcântara e Margem Sul. Este projecto não chegou a ser efectivado pois não estaria ao gosto do Presidente, à época, acabando este por contratar o arquitecto Chaves da Costa que viria a realizar este restaurante circular.
Parque Florestal de Monsanto
O projecto do Parque Florestal de Monsanto teve uma dimensão e desenvolvimento processual inédito em Portugal e, foi o Eng. Duarte Pacheco o seu grande promotor, quer promulgando a Lei para a sua criação enquanto Ministro das Obras Públicas em 1934, quer promovendo a sua concretização a partir de 1938, como Presidente da CML. Para além da reflorestação do Parque este projecto estava integrado no âmbito de desenvolvimento da saída ocidental da cidade de acordo com o novo Plano Director (Plano de Gröer), do Plano da Costa do Sol que se planeava fazer, integrando a autoestrada para o Estádio Nacional e a Marginal da Costa do Sol e, para o realizarem o Eng. Duarte Pacheco chamou o Eng. Joaquim Rodrigo e Arq. Keil do Amaral.
O plano tinha como critério geral a ideia de bosque natural e selvagem. “Tratava-se de proporcionar o regresso à terra, a uma vivência ameaçada pela cidade, uma metrópole que se receava implacavelmente fria e moderna.” Estavam excluídos os conceitos de parque à francesa ou inglesa ou outra resolução tradicional conhecida. E, para isso Keil do Amaral, fez uma visita de estudo aos parques e jardins da Europa e, visitou França, Inglaterra, Alemanha e Holanda analisando cuidadosamente os seus parques, dos quais retirou ideias úteis para a elaboração de Monsanto que anotava no seu “Relatório de uma viagem de estudo”. A floresta de Fontainebleau, o bosque de Vérrièrres nos arredores de Paris e o Bosque de Amesterdão foram os bosques que Keil achou que melhor se adaptavam a Monsanto. A fase de projectos que se segue corresponde a equipamentos já influenciados e desenhados segundo o modelo dos parques europeus já com uma linguagem mais moderna.
A primeira fase de obras, pertence à 1ª e 2ª zonas dos seis sectores operacionais em que a serra foi dividida, concluíram-se obras como os vários miradouros, entre elas o Miradouro de Montes Claros e a Casa de Chá nos inícios dos anos 40.
É desenvolvido na 3ª zona, os equipamentos desportivos: Clube de Ténis de Lisboa, Centro de Desportos, Teatro ao ar livre e Parque infantil do Alvito. Estes equipamentos são novidade em Portugal, sendo este último o primeiro parque exclusivo para crianças. Destes equipamentos apenas se concretizaram o Clube de Ténis e o Parque do Alvito.

Mural de Luis Dourdil - de recuperável a irrecuperável
O mural de Luis Dourdil
A Exposição "Cem Anos de Dourdil: a Pintura Antes de Tudo", foi a homenagem que a Câmara Municipal de Lisboa quis prestar ao pintor e, esteve patente de 9 de Julho a 21 de Agosto de 2015 na Galeria Paços do Concelho de Lisboa.
Esta mostra foi inaugurada no ano em que se comemoraram os cem anos do seu nascimento e constava de duas dezenas de pinturas e outros tantos desenhos, para além de materiais e documentos ligados à actividade do artista.
No ato inaugural, Maria Teresa Bispo, comissária da exposição, referiu a importância da obra de Luís Dourdil e da sua relação com a cidade - nomeadamente, através do mural no Café Império, restaurado no ano anterior.

Mural de Luis Dourdil no café Império restaurado em 2014
Um mural deste artista que rodeava as escadas de acesso ao piso superior foi ignorado e omitido nessa exposição e encontra-se num estado de difícil ou impossível recuperação.

Painel de Azulejos com relevo" Figuras e cenas da cidade de Lisboa" de Manuela Madureira - Resistiram enquanto tudo em redor foi "levado"
O que sobrou.
A pilhagem já o esvaziou do que era possível levar, o vandalismo já destruiu o que era possível destruir, restando apenas um baixo-relevo na frontaria e os painéis da Manuela Madureira.

O futuro
Em 2001 o espaço fechou definitivamente e, embora tenha sido reaberto como miradouro em 2017, por ocasião da "Open House" desse ano ver+, para novamente ser encerrado ver+, alegadamente por falta de segurança.
O seu futuro continua incerto, como atestam o tipo de obras que foram feitas, nitidamente com carácter provisório e, provavelmente para acalmar muito do ruído, perfeitamente justificável, em redor do seu abandono por parte das entidades competentes que já tiveram múltiplos projectos, todos eles, até agora, com o objectivo de tornar a zona num espaço de aceso vedado ao público.
morada | inauguração | arquitecto | horário/preço | também aqui |
Estrada da Bela Vista | 1968 | Chaves da Costa | encerrado | miradouro no antigo restaurante panorâmico de Monsanto |
fonte fotográfica:
Capa - noctula chanel
fotografia tripla- Lisboa - recantoalegna.blogspot.pt
mural de Luis Dourdil no café Império - CML
futuro - http://escsmagazine.escs.ipl.pt